segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Um pesquisador chamado Rômulo

Juliana Bencke

 Durante o ensino médio, Rômulo pensava em cursar Psicologia. Também cogitava estudar Matemática. Preferiu não seguir o comércio, ramo dos pais, que possuem duas lojas de roupas no centro de Venâncio Aires. No dia 8 de dezembro de 2007, ele prestou vestibular para Química, na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Uma, porque sempre gostou da área das exatas. Outra, porque percebeu um mercado em expansão. Passou de primeira no processo seletivo. Depois de 40 meses do início das aulas, Rômulo de Oliveira Schwaickhardt, 21 anos, é um pesquisador. E a pesquisa é uma das suas possibilidades para o futuro.

Foi no início de 2009, no terceiro semestre da faculdade, que Rômulo começou a participar de projetos fora da sala de aula. No começo, auxiliava uma professora nas aulas práticas de laboratório, por meio do Projeto Unisc de Iniciação Científica (Puic). No ano passado, a convite do mestre e doutor Ênio Leandro Machado, depois de uma indicação de outra docente, passou a ser bolsista de um projeto de pesquisa financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). E foi aí que o venâncio-airense descobriu que pesquisar era uma de suas grandes paixões.

   Rômulo divide a paixão pelo
         tradicionalismo  com as
          experiências de química
A carga horária do projeto é de 20 horas semanais. Mas Rômulo não se importa de passar quase o dobro do tempo em meio a tubos de ensaio, elementos químicos e relatórios das análises dos efluentes do Hospital Santa Cruz (HSC). Na quinta-feira, 20 de outubro, o acadêmico permaneceu atento às experiências, no laboratório do bloco12 da Unisc, das 7h50min às 21h. Intervalo? Só para o almoço.

Apesar da correria de quem levanta às 6h30min para pegar o ônibus e só coloca a chave na porta de casa às 23h, o dia a dia de pesquisador compensa. E se quem vê de fora acha improvável ter gosto por reações de ácido sulfúrico, água oxigenada e hidróxido de sódio, Rômulo garante que o trabalho é interessante, sim. Para ele, as horas no laboratório, dentro do guarda-pó branco que “parece ter saído da guerra” – devido aos furos causados pelos ácidos -, são animadoras: “Tu sempre tem resultados diferentes, nunca tem uma rotina”.

Nos dois anos em que é bolsista do projeto de tratamento dos efluentes hospitalares, o universitário aprendeu que é preciso ter calma para conseguir bons resultados. Entendeu também que é fundamental se proteger dos produtos químicos – com óculos, guarda-pó e máscara. Compreendeu a importância de registrar as análises para que um próximo pesquisador possa aprimorar a pesquisa sem precisar repetir as experiências. Além disso, percebeu que é preciso aprofundar os estudos para dar suporte à pesquisa. E descobriu que sempre há o que descobrir.

 Para Rômulo, “alguém tem que descobrir”. E esse alguém   pode muito bem ser ele ou os cinco colegas bolsistas da pesquisa sobre efluentes. O estudante da Unisc não lembra de algum resultado de análise que tenha representado, sozinho, um grande avanço na pesquisa. Entretanto, observa que, se forem somados todas as descobertas desde o início do projeto, será possível perceber que a pesquisa teve um grande avanço. Independente da proposta de   tratamento dos efluentes do hospital ser colocada em prática pela instituição, a carreira profissional do Rômulo tem ganhado bastante com as experiências.

Revisão de Cristiane Lautert Soares

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